Rafael
de 29 anos morre com Covid-19 em Natal: ‘Ele não acreditava na doença’, diz sua
mãe.
O motorista de aplicativo Rafael Michelson de
Souza Gonçalves, de 29 anos, morreu com Covid-19 em Natal. Obeso, diabético e
hipertenso, ele foi internado na última quarta-feira (13) e morreu na noite de
sexta (15). Familiares de Rafael contaram que ele não acreditava na doença.
Na
tarde deste sábado (16), amigos foram até a casa da mãe de Rafael prestar uma
homenagem. Eles levaram fotos do amigo e fizeram uma oração. "Que Deus
abençoe vocês e livre vocês dessa doença maldita que tirou o meu filho de mim.
Eu aconselhava muito o meu filho sobre essa doença, mas ele não acreditava. Se
cuidem, se previnam, para que a mãe vocês não venha a passar pelo que eu tô
passando hoje", disse Maria do Socorro de Souza Gonçalves, mãe de
Rafael.
Segundo
a família, Rafael sentiu os primeiros sintomas no dia 8 de maio. Ele procurou a
UPA do Pajuçara, foi atendido e liberado. Ele disse para a família que estava
com dengue. “Ele chegou a me dizer que estava com dengue, mas eu creio que ele
já sabia o que era, mas não quis me dizer", contou a mãe.
A
prima de Rafael, Alice de Souza Honorato, conta que depois dessa primeira
consulta ele continuou a vida normalmente, sem se isolar. Na quarta-feira (13)
ele tomou café da manhã na casa dos tios, que são do grupo de risco, e seguiu
para a UPA porque estava tossindo muito. “A partir daí ele não voltou mais pra
casa. Foi transferido pro Hospital Municipal de Natal e morreu depois de uma
parada cardíaca”, disse Alice.
Ainda
de acordo com informações da família, Rafael ofereceu resistência pra ser
entubado no hospital. “Eu conversava com ele por chamada de vídeo, ele não
queria deixar os médicos entubarem ele”, contou Alice. "Ele não acreditava
nessa doença. Antes dele ser internado nunca usou máscara, álcool em gel, nada
disso”, disse a prima.
Rafael
deixou uma filha de 8 anos. A declaração de óbito confirma a causa da morte
como Covid-19.
"É
uma dor muito forte. Vocês não queiram saber a dor de uma mãe perder um filho.
Essa maldita dessa doença tira a vida da pessoa como se ela fosse um indigente.
A pessoa não tem direito nem a um velório digno, como se estivesse podre. Mas
eu creio que o meu Deus recebeu ele de braços abertos", disse dona Maria
do Socorro.
“Tudo
isso poderia ser diferente se ele tivesse se cuidado, se tivesse procurado o
tratamento desde o início, se tivesse sido entubado. É muito triste ver alguém
tão jovem partir assim. E é muito impressionante que tenha quem não acredite na
gravidade dessa doença”, disse a prima.
O
sepultamento do jovem Rafael aconteceu neste sábado 16 de maio pela manhã no
cemitério da cidade de Fernando Pedroza-RN, com a presença de poucos familiares e amigos...