O
ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci disse nesta quinta-feira, 6, em
depoimento à Justiça Federal do Distrito Federal, que o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) negociou com o lobista Mauro Marcondes Machado, do
setor automobilístico, pagamentos a Luís Cláudio Lula da Silva, seu filho
caçula, para a aprovação de uma Medida Provisória que tinha como finalidade
prorrogar incentivos fiscais de montadoras instaladas nas regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste. O caso foi revelado pelo Estado.
Ao juiz
Ricardo Augusto Soares Leite, Palocci afirmou que entre o final de 2013 e o
início de 2014 o filho caçula do ex-presidente Lula o procurou na sede de sua
consultoria, em São Paulo, para pedir contribuições para o seu projeto de
esportes.
“Ele
disse que precisava para o evento ‘Touchdown’, que ele lidera, para fechar
entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões e que eu ajudasse com recursos via empresas
conhecidas, porque eu conhecia muitas. Não pude fazer nada e fui falar com Lula
para saber se ele me autorizava a fazer isso. Sempre que alguém me pedia em
nome do ex-presidente eu o consultava”, contou.
“Aí, ele
(Lula) me disse que não precisaria atender ao pedido de seu filho porque ele
disse que tinha resolvido o problema com o Mauro Marcondes. Ele me falou que
empresas iriam pagar Mauro Marcondes, porque ele já prestava serviços a elas, e
prestou nesta ocasião também, porque iam pagar quantia entre R$ 2 e R$ 3
milhões, e que o Mauro ia repassar recursos ao Luís Cláudio.”
De acordo
com o ex-ministro, o lobista demonstrou ter acesso ‘irrestrito’ a Lula. “O
ex-presidente me disse que tinha confiança no Mauro Marcondes e que o conhecia
desde que era sindicalista no ABC e ele era atuante na área empresarial. Tinha
razoável confiança nele. Me disse isso porque fiquei espantado com a forma como
o ex-presidente teria interferido na MP de forma tão explícita. Mas ele me
disse que ele era de confiança dele e que não haveria problema.”
Palocci
foi ouvido no processo em que o ex-presidente Lula é acusado de corrupção por,
segundo o Ministério Público Federal, ter recebido propina para a editar a
Medida Provisória 471. A MP, investigada na Operação Zelotes, foi aprovada em
2009 e tinha como finalidade prorrogar incentivos fiscais de montadoras
instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
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